Arquivo mensal: outubro 2010

Quatro chapas disputam DCE da UFSC

Ao contrário das previsões, as eleições para o DCE da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) terão quatro chapas na disputa, e não cinco. Um acordo de última hora entre dois grupos distintos diminuiu o número de concorrentes.

A Chapa 1 – “Rosa dos Ventos” representa o grupo de situação na gestão do DCE. Participam da chapa o Coletivo 21 de Junho e independentes. Dos 99 membros inscritos, uma integrante é do PSOL. A chapa conta com apoio dos campos Contraponto e Levante, ambos coletivos nacionais do Movimento Estudantil.

A Chapa 2 – “Vez e Voz“, possui 86 membros, e possui diversos coletivos de esquerda. O maior deles é a Juventude Comunista Avançando (JCA). Participam ainda o Coletivo Barricadas, União da Juventude Comunista (UJC), Esquerda Marxista (EM) e independentes.

A Chapa 3 – “Pra dizer mais sim do que não“, tem a participação da União da Juventude Socialista (UJS), Juventude Demolay (Maçonaria), entre outros estudantes mais alinhados ao campo da direita.

A Chapa 4 – “Vem pra Luta Vem” é hegemonizada por militantes do PSTU, com apoio do Coletivo “Vamos à Luta”.

As eleições ocorrem nos dias 17 e 18 de novembro.

Eleições para o DCE da UFSC devem ter cinco chapas

As inscrições para as eleições para o Diretório Central dos Estudantes Luiz Travassos (DCE/UFSC) começam e terminam hoje, na Universidade Federal de Santa Catarina. As movimentações indicam que até cinco chapas podem concorrer ao pleito.
A chapa de situação, integrada por membros do Coletivo 21 de Junho e independentes, administra o DCE há duas gestões (Boas Novas e Canto Geral), e tentará um terceiro mandato. A chapa Canto Geral venceu em 2009 com 59% dos votos.
As duas chapas que concorreram em 2009 – “Luta e Poesia” e “Ousar Lutar” voltam à disputa. A primeira é uma iniciativa de estudantes que constroem a Assembleia Nacional de Estudantes Livre (Anel), uma dissidência da UNE.
A segunda era composta por membros da Juventude Comunista Avançando (JCA), que fizeram uma boa votação. Eles devem ter o reforço dos coletivos Barricadas e União da Juventude Comunista (UJC), ambos com pouca expressão na UFSC.
A novidade nas eleições devem ser as chapas da União da Juventude Socialista (UJS), e de um grupo independente, formado em sua maioria por estudantes de administração e direito, caracterizados até o momento como “a direita”.

PSOL confirma segunda cadeira ao senado com aplicação do Ficha Limpa

O PSOL confirmou ontem a sua segunda cadeira no Senado Federal. O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, na noite desta quarta-feira, a inelegibilidade de Jader Barbalho (PMDB-PA), que concorreu ao cargo de senador pelo Pará. A decisão se deu no julgamento do caso Ficha Limpa, que ainda não possuía jurisprudência.
A votação no STF empatou em cinco a cinco. Com o resultado, houve o entendimento de que a decisão da instância imediatamente inferior – o Tribunal Superior Eleitoral – haveria de ser aplicada. Houve nova votação para confirmar se era esse o entendimento, ficando em 7 a 3 pela aplicação do Ficha Limpa neste ano.
Com a decisão, a senadora eleita Marinor Brito irá assumir a vaga em fevereiro de 2011. Marinor obteve mais de 400 mil votos, tendo alcançado 27% do eleitorado.

Chapa de oposição toma posse no Sintracarnes em Chapecó

Os diretores-eleitos do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Chapecó (Sintracarnes) tomaram posse neste domingo. O ato foi realizado na sede da entidade sindical e contou com a participação de representantes da Justiça e da Polícia Federal, o que garantiu transição tranquila de direção do Sintracarnes.

Ver Galeria de Imagens da Posse do Sintracarnes

A gestão derrotada nas eleições estava no comando do sindicato há 22 anos, sem a realização de eleições para a escolha de sua diretoria. Ligado à Força Sindical, o sindicato foi obrigado judicialmente a realizar eleições, graças a intervenção do MP-SC.

Até o último segundo, membros da Força Sindical recorreram para impedir a posse do sindicato pela chapa eleita democraticamente pela categoria. A Polícia Federal e representantes da Justiça acompanharam o evento para entregar a liminar que garante a posse da chapa 2.

Após a posse, foi realizada assembleia, com participação intensa dos trabalhadores nas indústrias de carnes e derivados, que se reuniram na frente da sede do Sintracarnes. O novo presidente, Jenir de Paula, destacou a importância da união da categoria, e agradeceu o apoio recebido. Os demais discursos ressaltaram que a partir de agora o sindicato será, de fato, dos trabalhadores, e lutará em defesa dos seus direitos. Além do presidente, foram empossados outros 24 membros da nova diretoria.

Sintraturb participa da posse

O Sintraturb foi um dos grandes apoiadores da chapa de oposição do Sintracarnes. Diretores do sindicato participaram das articulações para garantir a vitória dos trabalhadores. A diretoria do Sintraturb acompanhou a posse da nova gestão. (Veja fotos).

Resultados

Dos 1.040 trabalhadores com direito a voto, participaram 722, sendo 489 votos para a chapa 2, apoiada pelas centrais CUT, Intersindical e CSP-Conlutas, além de movimentos como o MST . A Chapa 1, da Força Sindical, obteve 216. Foram contabilizados 17 votos em branco.

A base do Sindicato possui 8.500 trabalhadores sendo sete mil na Sadia, empresa cujo um dos donos é o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Esta foi uma importante vitória e abre uma grande perspectiva para o movimento sindical da região oeste de Santa Catarina.

Fonte: Sintraturb

Tropa de Elite 2 e a vida real

Por Bruna Ballarotti*

Ontem finalmente consegui assistir Tropa de Elite 2. Com o desafio de manter a qualidade e o sucesso do longa que o antecedeu em 2007, Tropa de Elite 2 não deixa duvida: missão dada é missão cumprida. E eu diria mais, o segundo supera, em muito, o primeiro. Não apenas o supera, como o redime. Vou explicar.

Atenção/ “Spoiler Alert”: se você ainda não assistiu o filme, esse post pode tirar algumas surpresas.
Se você quer conhecer mais sobre o homem que inspirou o personagem Fraga, seu nome é Marcelo Freixo e ele presidiu a CPI das Milícias do RJ em 2008. Relatório aqui

O primeiro filme tem como tema a violência urbana no Rio de Janeiro, o tráfico de substâncias ilícitas e as ações do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais). A narração é feita pelo Capitão Nascimento, em busca de um substituto para comandar seu esquadrão, já que seu filho está prestes a nascer. No decorrer da história, temos também a trajetória de Matias, policial negro e inteligente, “aspira” cogitado a substituto de Nascimento que se vê dividido entre o mundo acadêmico (cursa Direito) e o mundo profissional. O filme traz muitas cenas de violência, de tortura policial, retrata diversos abusos cometidos pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, uma das mais violentas do mundo. Porém a impressão que tive depois de assistir ao filme foi que, ao invés de digerir aquele grave retrato da criminalização da pobreza, o público em geral passou a idolatrar o Capitão Nascimento, que, convenhamos, tem de fato interpretação brilhante de Wagner Moura, porém representa um caso extremo de um policial que acredita profundamente na violência como solução. Revistas da grande mídia, como a Veja, aproveitaram o sucesso do filme para reforçar sua mensagem fascista de que é isso mesmo: tem mais é que descer porrada nos morros, porque favelado é bandido. Saldo complicado do filme.

Qualquer semelhança com a realidade é apenas uma coincidência. Essa é uma obra de ficção

No “Tropa de Elite 2: O inimigo agora é outro” o foco migra do BOPE para a política de segurança pública do Rio de Janeiro. E aí a coisa esquenta pra valer. Apesar do aviso de que o filme é uma obra de ficção, fica muito claro que foi inspirado em diversos fatos reais. Isso pode ser conferido por exemplo noRelatório da CPI das Milícias da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), presidida pelo deputado estadual Marcelo Freixo do PSOL, que indiciou mais de 200 pessoas em 2008.

Essa, aliás, é uma das poucas “coincidências” que o diretor José Padilha afirma ter direta relação com a realidade. O personagem Diogo Fraga foi inspirado no deputado Marcelo Freixo, militante dos direitos humanos. Na vida real, o que possibilitou a instauração da CPI foi também o seqüestro e a tortura de uma jornalista e um fotógrafo do “O DIA”. A CPI conseguiu fazer uma ótima investigação sobre as milícias, sobre a relação com os votos, sobre o quanto lucrava em cada região. Recomendo a leitura do relatório da CPI. As “coincidências” são assustadoras. No youtube temos cenas da vida real (mais coincidências assustadoras):

Milicianos pretendem aumentar poderio nestas eleições

Promotores depõem na CPI das milícias

Sérgio Cabral confraterniza com Milícia

Milicianos se unem em uma possível “super-milícia”

Descoberto plano para assassinar o deputado Marcelo Freixo

Trazendo à tona uma questão tão presente nas comunidades do Rio de Janeiro, o domínio das milícias, o Tropa de Elite 2 ainda faz o personagem Capitão Nascimento passar pelo processo de perceber que o que ele acreditava ser o caminho, violência se resolve com violência, na verdade se mostra insuficiente, e mais, se mostra um alimentador desse sistema que ele esboça querer destruir. Fraga, que começa como seu arqui-inimigo, acaba se tornando um parceiro quando ele percebe que os interesses dos que gerem a segurança pública do RJ na verdade tem pouco ou nenhum interesse de mudar o que está colocado e se utilizam dessa estrutura para se perpetuar no poder. Gostei também do triste fim de Matias. O menino, de origem humilde, negro, que consegue a duras penas entrar na faculdade de Direito, defensor da honra e da justiça, é doutrinado pelo BOPE, e, acreditando poder melhorar “o sistema” honrando o papel de sua corporação, é assassinado por milicianos apoiados pela política de Segurança Pública. Mostrando uma certa ingenuidade e alienação que não pode ser tolerada, custando sua própria vida. José Padilha havia dirigido o premiado documentário “Ônibus 174”, de 2002, onde pesquisa a trajetória de Sandro, menino de rua que cresce e ganha exposição midiática pelo seqüestro do 174 que foi acompanhado ao vivo pela TV. Sandro é morto pelo BOPE. “Quando fiz o filme do ônibus 174 com o ponto de vista da violência do Sandro Nascimento e sua história de vida, me deu uma idéia: por que não fazer um filme do ponto de vista da violência policial, daqueles policiais que mataram o Sandro”. Talvez o personagem de Matias tenha cumprido um papel de mostrar a parte dos policiais que também são vítimas desse sistema.

Enfim, acho que o Tropa de Elite 2 fecha todas as deixas que ficaram soltas no primeiro. É um filme com objetivo e posicionamento claros, e com qualidade, seja de direção, atuação, roteiro e fotografia muito boas. Supera o primeiro e o redime politicamente.

Sobre Marcelo Freixo

Jurado de morte pelos milicianos, Freixo teve limitações para fazer campanha para sua reeleição como deputado estadual pelo PSOL no Rio.

Clique aqui para ver reportagem da Isto É, “Campanha sob escolta”

Com apoio do elenco de Tropa de Elite e amplo apoio popular, Freixo se reelegeu deputado estadual com mais de 177 mil votos, sendo o segundo mais votado do RJ. Essa foi uma das excelentes notícias que recebemos das urnas. Parabéns Freixo, e muita força que a luta continua!

Aqui segue vídeo de artistas em apoio a Freixo

Aqui segue vídeo de comemoração da reeleição de Freixo e Chico Alencar

Para quem quiser acompanhar as atividades do Marcelo Freixo a página dele é http://www.marcelofreixo.com.br/site/home.php , o twitter dele é @MarceloFreixo

Aqui segue Marcelo Freixo comentando Tropa de Elite 2 ao sair do Cinema

Aqui artigo de Jorge Antonio Barros, que fez o vídeo acima, “Tropa de Elite 2: Nem tudo é verdade, mas quase tudo”

Aqui, post de Dois Pontos Travessão sobre o filme

* Bruna Ballarotti militante do PSOL, formanda em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); ex-coordenadora geral da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM) e ex-integrante do Conselho Nacional de Saúde.

A esquerda unida

Por Plínio Arruda Sampaio

Passado o 2º turno é indispensável que os partidos comprometidos com o socialismo construam juntos condições para a retomada da unidade na ação política. Por Plínio Arruda Sampaio. Foto: Fábio Nassif

Passado o 2º turno é indispensável que os partidos comprometidos com a revolução socialista construam juntos condições para a retomada da unidade na ação política

Se os partidos que compuseram em 2006 a Frente de Esquerda (PSOL, PSTU e PCB) tivessem enfrentado unidos a disputa eleitoral deste ano certamente os resultados eleitorais teriam sido melhores para todas as agremiações e para a esquerda brasileira. As votações das três candidaturas somadas totalizam 1.010.561 votos. Unidos, talvez tivéssemos sido depositários da confiança de mais de 1% da população, para quem mais uma vez ficou a impressão de que a esquerda nunca se une. No Rio de Janeiro, talvez tivesse sido possível ao PSTU eleger o primeiro deputado federal da sua história, ampliando a bancada de esquerda na Câmara dos Deputados. É bem provável que a unidade tivesse permitido ainda eleger mais deputados estaduais, incluindo camaradas do PCB e do PSTU.

Mas os benefícios quantitativos e institucionais da Frente de Esquerda seriam largamente suplantados pelo significado que representaria o passo, por menor que fosse, capaz de fazer avançar a recomposição da unidade da esquerda socialista no Brasil, após o estrago feito pelo aprisionamento das organizações populares no círculo de ferro do “lulismo”.

O resultado eleitoral demonstrou claramente o enorme esforço que a esquerda precisa fazer para colocar o socialismo na agenda política do país. Por isso mesmo, divergências relacionadas com a lógica sectária de defesa dos respectivos aparelhos políticos e de tática eleitoral não deveriam constituir motivo impeditivo da unidade.

Passado o segundo turno da eleição presidencial é indispensável que os partidos comprometidos com a revolução socialista construam juntos condições para a retomada da unidade na ação política preparando os enfrentamentos que certamente virão, seja quem for o eleito. Até a posse do novo governo, em janeiro do ano que vem, o tempo é mais que suficiente para procedermos a uma ampla consulta às bases de cada um dos partidos e iniciarmos conversas regulares entre as três agremiações para afinar as análises da conjuntura, planejar ações conjuntas e definir os parâmetros mais gerais para a retomada de uma frente social e política que seja um instrumento para a mobilização popular. Se isso for feito, será o primeiro passo de recuperação do erro político cometido no primeiro turno.

Nada impede – e é até mesmo salutar – que existam várias agremiações de esquerda. O socialismo democrático não preconiza o partido único. Mas todos os partidos, competindo legitimamente e fraternalmente pelo voto socialista, não podem perder de vista que o adversário é a direita e precisam voltar para essa disputa a energia que se perde na luta fratricida.

“Impasse” no Clube de Cinema, hoje às 19 horas

Em maio e junho de 2010, milhares de pessoas foram às ruas de Florianópolis para protestar contra o aumento da tarifa do transporte coletivo. Além de cenas que não foram exibidas em nenhuma tevê, incluindo flagrantes de violência durante os atos públicos, Impasse revela o que pensam usuários, trabalhadores, especialistas e empresários do transporte.

Expõe as contradições e as diferenças de posição dos estudantes, dos representantes do governo municipal e do governo estadual. Discute questões que se entrelaçam e se completam: Por que a cidade se tornou um símbolo na luta pelo transporte público? O que aconteceu durante a ação da polícia militar na Universidade do Estado de Santa Catarina? Por que a mobilidade urbana é um dos grandes temas do século XXI? Existe, afinal de contas, saída para este impasse?

"Impasse" no Clube de Cinema, hoje às 19 horas

Em maio e junho de 2010, milhares de pessoas foram às ruas de Florianópolis para protestar contra o aumento da tarifa do transporte coletivo. Além de cenas que não foram exibidas em nenhuma tevê, incluindo flagrantes de violência durante os atos públicos, Impasse revela o que pensam usuários, trabalhadores, especialistas e empresários do transporte.

Expõe as contradições e as diferenças de posição dos estudantes, dos representantes do governo municipal e do governo estadual. Discute questões que se entrelaçam e se completam: Por que a cidade se tornou um símbolo na luta pelo transporte público? O que aconteceu durante a ação da polícia militar na Universidade do Estado de Santa Catarina? Por que a mobilidade urbana é um dos grandes temas do século XXI? Existe, afinal de contas, saída para este impasse?