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Plínio lança livro em Florianópolis nesta quarta-feira

Plínio lança livro em Florianópolis nesta quarta-feira
O candidato a presidente da república do PSOL em 2010 Plínio de Arruda Sampaio estará em Florianópolis nesta quarta-feira (24) para lançar seu novo livro, “Por que participar da política?”.
O evento ocorrerá na Câmara Municipal de Vereadores em Florianópolis (espaço cultural), às 19 horas.
Na oportunidade, Plínio irá apresentar as razões do livro e fará uma sessão de autógrafos . No livro, Plínio questiona quem são os políticos, de que modo eles interferem em nosso dia-a-dia e qual a importância da participação política em nossas vidas. “Afinal, o que perdemos por nos desinteressar da política e o que ganhamos ao procurar entendê-la?” questiona Plínio.
Quem é?
Plínio Soares de Arruda Sampaio, 80 anos, é advogado e promotor público aposentado. Foi deputado federal por três mandatos, um deles deputado constituinte de 1988. É diretor do portal “Correio da Cidadania” e presidente a Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA).
Em 2010, Plínio concorreu à presidência da República pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), tendo ficado em quarto lugar. A vinda a Florianópolis é simbólica: a cidade foi a que lhe deu o segundo melhor resultado eleitoral entre as capitais do Brasil, somando 2,06% dos votos.

A esquerda unida

Por Plínio Arruda Sampaio

Passado o 2º turno é indispensável que os partidos comprometidos com o socialismo construam juntos condições para a retomada da unidade na ação política. Por Plínio Arruda Sampaio. Foto: Fábio Nassif

Passado o 2º turno é indispensável que os partidos comprometidos com a revolução socialista construam juntos condições para a retomada da unidade na ação política

Se os partidos que compuseram em 2006 a Frente de Esquerda (PSOL, PSTU e PCB) tivessem enfrentado unidos a disputa eleitoral deste ano certamente os resultados eleitorais teriam sido melhores para todas as agremiações e para a esquerda brasileira. As votações das três candidaturas somadas totalizam 1.010.561 votos. Unidos, talvez tivéssemos sido depositários da confiança de mais de 1% da população, para quem mais uma vez ficou a impressão de que a esquerda nunca se une. No Rio de Janeiro, talvez tivesse sido possível ao PSTU eleger o primeiro deputado federal da sua história, ampliando a bancada de esquerda na Câmara dos Deputados. É bem provável que a unidade tivesse permitido ainda eleger mais deputados estaduais, incluindo camaradas do PCB e do PSTU.

Mas os benefícios quantitativos e institucionais da Frente de Esquerda seriam largamente suplantados pelo significado que representaria o passo, por menor que fosse, capaz de fazer avançar a recomposição da unidade da esquerda socialista no Brasil, após o estrago feito pelo aprisionamento das organizações populares no círculo de ferro do “lulismo”.

O resultado eleitoral demonstrou claramente o enorme esforço que a esquerda precisa fazer para colocar o socialismo na agenda política do país. Por isso mesmo, divergências relacionadas com a lógica sectária de defesa dos respectivos aparelhos políticos e de tática eleitoral não deveriam constituir motivo impeditivo da unidade.

Passado o segundo turno da eleição presidencial é indispensável que os partidos comprometidos com a revolução socialista construam juntos condições para a retomada da unidade na ação política preparando os enfrentamentos que certamente virão, seja quem for o eleito. Até a posse do novo governo, em janeiro do ano que vem, o tempo é mais que suficiente para procedermos a uma ampla consulta às bases de cada um dos partidos e iniciarmos conversas regulares entre as três agremiações para afinar as análises da conjuntura, planejar ações conjuntas e definir os parâmetros mais gerais para a retomada de uma frente social e política que seja um instrumento para a mobilização popular. Se isso for feito, será o primeiro passo de recuperação do erro político cometido no primeiro turno.

Nada impede – e é até mesmo salutar – que existam várias agremiações de esquerda. O socialismo democrático não preconiza o partido único. Mas todos os partidos, competindo legitimamente e fraternalmente pelo voto socialista, não podem perder de vista que o adversário é a direita e precisam voltar para essa disputa a energia que se perde na luta fratricida.

Heloísa Helena pede afastamento da presidência do PSOL

Afrânio Boppré deve assumir presidência interina do partido

A presidente nacional do PSOL, a vereadora Heloísa Helena, formalizou nesta terça-feira seu afastamento definitivo do cargo. Heloísa já não exercia qualquer a presidência do PSOL – nem comparecia às reuniões do Diretório Nacional – desde abril de 2010.

Com o afastamento, o secretário geral do PSOL, Afrânio Boppré, deverá assumir a presidência interina do partido até que seja indicado um substituto. Afrânio é presidente do PSOL em Santa Catarina, tendo sido vice-prefeito de Florianópolis e deputado estadual por duas vezes (2000-2002/2003-2006).

Derrotas

Desde o 2o Congresso Nacional do PSOL, Heloísa Helena tem sofrido derrotas constantes dentro e fora do PSOL. Ela foi a maior defensora – junto à deputada Luciana Genro (RS) – de uma coligação com Marina Silva (PV), proposta rejeitada por ampla maioria do partido após intenso debate interno.

Nas prévias para a escolha do candidato a presidente da república, o candidato qde Heloísa e Luciana – Martiniano Cavalcante – perdeu a disputa para Plínio de Arruda Sampaio.

Depois das derrotas internas, vieram as derrotas eleitorais. Heloísa não se elegeu ao senado, e Luciana Genro foi a oitava mais votada no RS para deputada federal, mas não atingiu o quociente.

Derrotado nas prévias, Martiniano Cavalcante concorreu a deputado estadual por Goiás, onde fez 18.348 votos, também sem atingir o quociente. Sete deputados se elegeram com menos votos que Martiniano na assembleia goiana.

A única figura do grupo de Heloísa eleita em 2010 foi Janira Rocha, deputada estadual pelo Rio de Janeiro. Janira surfou na reeleição do deputado Marcelo Freixo, segundo mais votado no RJ com 177.253 votos.

A votação de Janira foi bastante inexpressiva – apenas 6.422 votos – votação menor do que a do vereador carioca Eliomar Coelho (RJ), eleito em 2008 com 15.703 votos.

Segunda melhor votação de Plínio nas capitais ocorreu em Florianópolis

Santa Catarina também é 2º estado que mais deu votos ao candidato do PSOL

A cidade de Florianópolis foi a segunda capital brasileira que mais deu votos – proporcionalmente – ao candidato do PSOL à presidência da república, Plínio de Arruda Sampaio. O socialista atingiu 2,06% dos votos na ilha. Em primeiro lugar aparece o Rio de Janeiro, onde 2,24% do eleitorado local escolheu Plínio para presidente.

O resultado se repete em nível estadual. Enquanto Rio de Janeiro e Distrito Federal deram, cada um, 1,65% dos votos para Plínio, em Santa Catarina, o socialista fez seu segundo melhor resultado, com 1,23%, ou 44.610 votos.

Veja as tabelas completas

Votação de Plínio nos Estados
Votação de Plínio nas Capitais

Ivan Valente é reeleito deputado federal em São Paulo com mais de 189 mil votos!

Depois de muita apreensão, já era madrugada deste dia 04 de outubro quando foi possível confirmar a reeleição do deputado federal Ivan Valente. Com 189.014 votos, Ivan foi 15o deputado mais votado em São Paulo. O PSOL ultrapassou a marca dos 317 mil votos, cerca de 12 mil além do quociente eleitoral necessário. No entanto, com a insegurança jurídica criada pela falta de decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) acerca do projeto Ficha Limpa, ainda há o risco do quociente eleitoral crescer.

A apreensão da coordenação da Campanha Ivan Valente era se a margem de votos acima do quociente seria suficiente para garantir a eleição do mandato mesmo se o Supremo vier a derrubar o Ficha Limpa e validar os votos de candidatos como Paulo Maluf, que recebeu quase 500 mil votos dos eleitores paulistas. Totalizados os votos dessas candidaturas por ora indeferidas e finalizada a apuração, foi possível confirmar a reeleição definitiva do deputado federal Ivan Valente.

A festa foi geral! A militância e os apoiadores do PSOL, que já estavam reunidos na sede do partido acompanhando a apuração, finalmente puderam comemorar.

O deputado Ivan Valente, que acompanhou a apuração de casa com a família, se juntou a todos no final. Num breve discurso, agradeceu o esforço e envolvimento de todos na campanha.

“Hoje pela manhã abri uma pesquisa do IBOPE com 60 nomes de SP para a Câmara e nós estávamos fora. Mas quem participou da campanha viu que ela foi num crescente. Nosso mandato, construído coletivamente em São Paulo, foi colocando na ordem do dia temas como a CPI da dívida pública, o Código Florestal, o Plano Nacional de Educação, todo o trabalho que fizemos com o funcionalismo público, com a saúde, com os aposentados. Conseguimos ligar todas essas coisas e percebemos que a campanha cresceu por todos os méritos, pela trajetória, porque havia um voto de opinião na nossa candidatura”, disse Ivan Valente.

“Estou emocionado, com todo o sofrimento para chegarmos até aqui. O que superou isso foi o trabalho consciente de todos que participaram da campanha. Eu sou apenas um entre vocês. Sabíamos do tamanho da bronca que tínhamos pela frente. Utilizamos cada espaço da campanha, porque sabemos da dificuldade da militância de esquerda hoje. E pelo tamanho do resultado, pela proporção da vitória, ela não seria possível sem que um só aqui não estivesse junto. Os que estão aqui, os que estão em outras cidades, essa vitória em SP é a vitória do PSOL programático, político e ideológico”, avalia.

“Atingir o quociente eleitoral em São Paulo era uma tarefa gigantesca. Então quero dedicar essa vitória, socialista, a todos vocês que participaram da campanha. Vocês foram valentes! Vamos fazer um mandato marcante e continuar essa luta. Parabéns ao deputado estadual. Carlos Giannazi e também aos nossos majoritários Paulo Bufalo, Marcelo Henrique e Plínio. E ao nosso companheiro de luta e combate Raul Marcelo, que não foi reeleito, queremos manter um trabalho companheiro e solidário juntos. Viva o PSOL!”, concluiu Ivan Valente.

O PSOL nessas eleições
Após seis anos de fundação, o Partido Socialismo Liberdade passou pela sua segunda eleição para cargos federais e estaduais com um saldo bastante positivo e a conquista de grandes vitórias. Mesmo com poucos recursos, sem receber financiamento de empresas privadas, candidatos e militantes mantiveram a coerência e a independência, trabalharam de forma transparente e ética e, como consequência dessa atitude, sensibilizaram novos eleitores em todo o país.

No Rio de Janeiro, Chico Alencar foi o segundo candidato a deputado federal mais votado do Estado, com 240.724 votos. Com isso, conseguimos eleger ainda Jean Wyllys.

A Região Norte mostrou a força e confiança no PSOL elegendo Randolfe como o senador mais votado do Amapá. No Pará, além da vitória de Marinor Brito para o Senado, comemoramos o grande resultado de Edmilson Rodrigues, o deputado estadual que recebeu o maior número de votos da população.

As Assembleias Legislativas do Rio de Janeiro e São Paulo também permanecerão com a presença do PSOL. No primeiro Estado, Marcelo Freixo se reelegeu como o segundo deputado estadual mais votado e terá a companhia de Janira Rocha. No segundo, Carlos Giannazi, poderá dar sequência à sua luta pela educação pública de qualidade com sua reeleição ao cargo.

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CLIQUE AQUI para ver as fotos do dia de votação e apuração dessas eleições:

Votação de Plínio de Arruda Sampaio
Ivan Valente vota em São Paulo
Comemoração da vitória

"A juventude tem que levar adiante o nosso projeto", afirma Plínio

As considerações finais do candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, durante o debate na TV Globo nesta quinta, foram emocionantes e retratam o espírito das campanhas do PSOL: a construção de um futuro sem a desigualdade, sem o desepero. Um futuro de esperança: o socialismo.

Assista as considerações finais de Plínio e no dia 3 de outubro vote pela mudança: vote 50.

Estreia de "Impasse" lota reitoria da UFSC

Cerca de 700 pessoas compareceram ao prédio da Reitoria da UFSC, na noite desta quinta-feira passada, para assistir em primeira mão o documentário sobre a crise do transporte público de Florianópolis, Impasse. Com o auditório e o hall do prédio lotados, o evento iniciou com uma performance teatral-musical com manifestantes caracterizados cantando músicas elaboradas durante os atos contra o aumento da tarifa deste ano. Para em seguida, então às 20h, após uma fala de apresentação da organização, iniciar a apresentação do filme, que tem sua duração de 1 hora e 20 minutos.

Segundo Fernando Evangelista, um dos organizadores e produtores, a reação ao material foi imediata e bem positiva. A atmosfera no local, durante a mostra, remetia à um jogo de futebol, onde a cada jogada/cena o público reagia expressivamente – com vaias, aplausos, risadas e até gritos de aprovação e desaprovação. Definitivamente a avaliação foi de superação das expectativas.

Fernando levanta também a capacidade do audiovisual de tocar as pessoas. De como as elas acabam se sensibilizando mais em um documentário do que em uma matéria jornalística, por exemplo. Fato é que, logo após a mostra, o público presente realizou uma assembléia na qual foi apontada a clara necessidade de se avançar na luta e não mais somente resistir aos aumentos de tarifa. Ou seja, se mobilizar para propor as devidas mudanças sociais necessárias para resolução do impasse. Obviamente com um enfoque voltado para o bem-estar da população usuária.

Visita no CCJ e panfletagem

O candidato a deputado federal Leonel Camasão (PSOL) esteve em Florianópolis para a estreia do “Impasse”. Antes do documentário, o candidato fez panfletagem no Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), tendo visitado os alunos do Programa de Educação Tutorial (PET). Materiais de campanha do candidato a presidência pelo PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, também foram distribuídos.

Após o filme, Camasão e outros militantes do PSOL fizeram panfletagem dos candidatos socialistas, tendo tido boa receptividade dos alunos.

Com informações da Frente de Luta Pelo Transporte Público

Qualquer semelhança não é coincidência

FREI BETTO
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0209201008.htm

Os programas de Dilma, Serra e Marina têm mais pontos em comum do que diferenças; a exceção é Plínio, que defende o socialismo

O Brasil ainda tem muito a conquistar nos quesitos saúde, educação, saneamento, moradia, segurança e infraestrutura (rodovias, portos e aeroportos). É um gigante com pés de barro.

Contudo, nossa democracia se aprimora graças aos movimentos sociais, à mídia vigilante, à exigência de transparência e à adoção de leis como a Ficha Limpa.

Algo de novo marca a atual disputa presidencial. Os quatro candidatos com melhor posição nas pesquisas têm em comum muito mais do que julga nosso vão preconceito.

Nenhum deles vem das tradicionais oligarquias que se acostumaram a fazer na vida pública o que fazem na privada. Nem pertencem à elite brasileira ou nasceram em berço esplêndido. Os quatro se originaram na classe pobre ou média. Todos abominam a ditadura militar, o conservadorismo e tiveram na esquerda sua iniciação política.

Três foram vítimas da ditadura: Plínio (cassado e exilado); Serra (exilado) e Dilma (presa e torturada). Marina, alfabetizada aos 16 anos, sofreu a opressão do latifúndio amazônico. Filha do seringal e discípula de Chico Mendes, viu-se obrigada a se “exilar” da floresta para livrar-se da pobreza e da falta de escolaridade.

Os programas de Dilma, Serra e Marina têm mais pontos em comum do que diferenças. A exceção é Plínio, que não se envergonha de defender o socialismo. O PSOL vale-se do período eleitoral para divulgar suas propostas e se afirmar como partido. Isso oxigena o debate democrático.

Dilma, Serra e Marina se irmanam na arte de se equilibrar na corda bamba. Evitam tombar à esquerda ou à direita e adotam discurso que não desagrada nem a uma nem a outra.

Assim, a distância entre oposição e situação quase se anula e permite a Lula, que faz um bom governo, manter-se na confortável posição de quase unanimidade nacional. E a Henrique Meirelles despontar como o nosso Alan Greenspan, que ficou quase 20 anos à frente do Banco Central dos EUA.

Embora discurso de campanha seja como produto de feira livre -não passa recibo-, e os quatro candidatos apareçam envoltos numa aura de confiabilidade, o problema reside no andar de baixo.

Ao contrário do ditado, o andor é de barro, e não o santo. Dilma ou Serra terão de governar sob pressão dos últimos redutos da oligarquia, o PMDB e o DEM, alvos de frequentes denúncias de corrupção, nepotismo e outras maracutaias.

Marina, como já declarou, tentará suprir sua falta de alianças com um governo supostamente suprapartidário. O que, aliás, fez de fato o governo Lula, a ponto de merecer o apoio de Collor, Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Roberto Jefferson e José Roberto Arruda.

Plínio, realista, sabe que a chance presidencial do PSOL é ainda um projeto de futuro.
Algo de comum entre os quatro chama a atenção: o silêncio diante da corrupção que assola a política brasileira. Os quatro são éticos, fichas limpas. Mas Dilma, Serra ou Marina, quem for eleito, terá de quebrar ovos para fazer a omelete.

Ou fazer de conta que, neste reino tupiniquim, que não se parece com a Dinamarca, nada há de podre.

Quem vencer verá.

CARLOS ALBERTO LIBÂNIO CHRISTO, o Frei Betto, frade dominicano, é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de “Hotel Brasil – O Mistério das Cabeças Degoladas” (ed. Rocco), entre outros livros.

Os absurdos conceituais na campanha para presidente

Por Bruno Lima Rocha*

Tenho a impressão que com este texto, serei contestado pelas equipes de campanha de todos os candidatos a presidente, incluindo os próprios. Se este for o preço da honestidade intelectual, sai até barato. O problema está na definição conceitual de esquerda e de terrorismo. Vejo com profundo pesar (os termos são outros, mas aqui não cabem) a taxação de terrorista que circula abundantemente pela internet, visando os 44 milhões de usuários-eleitores da rede. O termo, associado à economista Dilma Vana Roussef, é no mínimo uma injustiça histórica. E os absurdos não param por aí.

Comecemos pelo pensamento de esquerda para depois chegarmos ao terrorismo. Ser ou não adepto dessas matrizes de pensamento implica em, no mínimo, fazer a crítica do capitalismo tanto no modo de produção como no marco civilizatório. Não é e nem nunca foi possível afirmar essa posição no singular. Existem esquerdas. Estas podem ser de base estatista ou federalista, parlamentares ou rupturistas, centralizadoras ou democráticas. Dentre estas posições demarcadas há matizes, e para cada nova causa legitimada através de luta e embates, briga-se para constituir as bandeiras em direitos coletivos.

No meu ponto de vista, Dilma Roussef (PT) não é nada disso. Mesmo que não o diga, é uma keynesiana nacionalista, optando pelo desenvolvimento brasileiro ao custo do pacto de classes e do fortalecimento dos grandes grupos econômicos do Brasil. Daí vem tanto os números positivos do governo (irrefutáveis), como o enorme volume de fusões corporativas, o aumento do peso do Estado na organização social brasileira e as contestadas obras infra-estruturais, a exemplo da Usina Belo Monte. Outro economista, José Serra (PSDB), já foi adepto desta via embora já a abandonara, estando hoje mais à direita. Marina Silva (PV), mesmo sendo defensora da inclusão, sustentabilidade ecológica e diversidade cultural, neste sentido, tampouco é de esquerda. Da matriz de pensamento socialista concorrendo para o cargo de presidente, temos apenas outro pós-graduado em economia, o promotor público aposentado Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Plínio, longe de ser um revolucionário, é partidário do acionar reformista e reivindicativo.

Passemos para o “terrorismo” e as acusações apócrifas contra a ministra de Lula. O terror implica em atentados contra alvos não determinados. A Bomba no Riocentro seria um ato terrorista, assim como o inconcluso ataque contra o Gasômetro no Rio de Janeiro. Nenhuma organização guerrilheira operou dessa forma. O único terror praticado no Brasil foi o de Estado. Dilma não é nem foi terrorista, e sim guerrilheira. Lutou contra a ditadura de forma conseqüente. Ela se portou muito bem quando caiu presa, sobrevivendo nas masmorras da Operação Bandeirantes sem entregar ninguém. José Serra era dirigente estudantil e terminou exilando-se. O mesmo exílio atravessou a trajetória de Plínio de Arruda Sampaio. Já Marina Silva se forjou na política pela militância social acreana, durante o canto de cisne do período ditatorial. Pena que os respectivos campos de alianças dos três primeiros colocados nas pesquisas não respeitam suas trajetórias.

Podemos chegar a duas conclusões. Estes quatro candidatos à presidência, com distintos níveis de risco e compromisso, tiveram uma conduta correta diante do regime de exceção. E, para alegria dos herdeiros da ARENA e das viúvas da ditadura, do jeito que vai a campanha, ninguém mais se lembrará disso no fim de outubro.

Bruno Lima Rocha é cientista político (www.estrategiaeanalise.com.br / blimarocha@via-rs.net)