Arquivo da categoria: ditadura militar
ONU faz apelo para que Brasil inicie investigação imediata sobre a tortura nos anos da ditadura
Quem torturou Dilma Rousseff?
Na imagem, intervenção original, questionando morte de Herzog… |
…na contemporânea, dúvida quer abrir debate sobre arquivos da ditadura |
Com informações da Folha Online. Dica do @fernandinhobn
Inestimável novela péssima
Clube de Cinema do Ielusc retorna com "Cidadão Boilesen"
O Clube de Cinema do Bom Jesus Ielusc retoma suas atividades neste sábado, 9 de outubro, às 15 horas, com a exibição do documentário “Cidadão Boilesen”.
O filme conta a história do empresário dinarmaquês do grupo Liquigaz, Henning Boilesen. Boilesen colaborava ativamente com o regime instaurado em 1964, seja assistindo a sessões de tortura pessoalmente, seja recolhendo dinheiro com o empresariado paulista a fim de reforçar o efetivo do regime.
Após militantes desconfiarem da participação do grupo Liquigaz – vários locais de cercos policiais tinham caminhões da empresa na localidade –, um comando guerrilheiro justiçou o empresário.
O filme conta com depoimentos dos diretamente envolvidos, como o filho e amigos do industrial Boilesen e guerrilheiros que participaram da ação de justiçamento, mas também com análises políticas e históricas do período com os historiadores Daniel Aarão Reis e Jacob Gorender e o jornalista Percival de Souza.
A exibição do filme é uma parceria entre o Clube de Cinema e o grupo de estudos do Partido Socialismo e Liberdade de Joinville (PSOL).
Os absurdos conceituais na campanha para presidente
Comecemos pelo pensamento de esquerda para depois chegarmos ao terrorismo. Ser ou não adepto dessas matrizes de pensamento implica em, no mínimo, fazer a crítica do capitalismo tanto no modo de produção como no marco civilizatório. Não é e nem nunca foi possível afirmar essa posição no singular. Existem esquerdas. Estas podem ser de base estatista ou federalista, parlamentares ou rupturistas, centralizadoras ou democráticas. Dentre estas posições demarcadas há matizes, e para cada nova causa legitimada através de luta e embates, briga-se para constituir as bandeiras em direitos coletivos.
No meu ponto de vista, Dilma Roussef (PT) não é nada disso. Mesmo que não o diga, é uma keynesiana nacionalista, optando pelo desenvolvimento brasileiro ao custo do pacto de classes e do fortalecimento dos grandes grupos econômicos do Brasil. Daí vem tanto os números positivos do governo (irrefutáveis), como o enorme volume de fusões corporativas, o aumento do peso do Estado na organização social brasileira e as contestadas obras infra-estruturais, a exemplo da Usina Belo Monte. Outro economista, José Serra (PSDB), já foi adepto desta via embora já a abandonara, estando hoje mais à direita. Marina Silva (PV), mesmo sendo defensora da inclusão, sustentabilidade ecológica e diversidade cultural, neste sentido, tampouco é de esquerda. Da matriz de pensamento socialista concorrendo para o cargo de presidente, temos apenas outro pós-graduado em economia, o promotor público aposentado Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Plínio, longe de ser um revolucionário, é partidário do acionar reformista e reivindicativo.
Passemos para o “terrorismo” e as acusações apócrifas contra a ministra de Lula. O terror implica em atentados contra alvos não determinados. A Bomba no Riocentro seria um ato terrorista, assim como o inconcluso ataque contra o Gasômetro no Rio de Janeiro. Nenhuma organização guerrilheira operou dessa forma. O único terror praticado no Brasil foi o de Estado. Dilma não é nem foi terrorista, e sim guerrilheira. Lutou contra a ditadura de forma conseqüente. Ela se portou muito bem quando caiu presa, sobrevivendo nas masmorras da Operação Bandeirantes sem entregar ninguém. José Serra era dirigente estudantil e terminou exilando-se. O mesmo exílio atravessou a trajetória de Plínio de Arruda Sampaio. Já Marina Silva se forjou na política pela militância social acreana, durante o canto de cisne do período ditatorial. Pena que os respectivos campos de alianças dos três primeiros colocados nas pesquisas não respeitam suas trajetórias.
Podemos chegar a duas conclusões. Estes quatro candidatos à presidência, com distintos níveis de risco e compromisso, tiveram uma conduta correta diante do regime de exceção. E, para alegria dos herdeiros da ARENA e das viúvas da ditadura, do jeito que vai a campanha, ninguém mais se lembrará disso no fim de outubro.
Bruno Lima Rocha é cientista político (www.estrategiaeanalise.com.br / blimarocha@via-rs.net)
Jornalista Hondurenho fala sobre golpe militar de Honduras em Florianópolis
O jornalista hondurenho Rony Martínez estará à disposição da imprensa para entrevistas nesta quinta-feira, dia 18, a partir das 15horas, na sala Adenilson Telles, Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, no Prédio da FECESC.
Roy está no estado a convite do sindicato e tem proferido conferências nas faculdades de jornalismo em SC. Ele faz parte da equipe de jornalistas da Rádio Globo Honduras, principal rádio da resistência hondurenha durante o golpe de estado de junho de 2009. A rádio – e a equipe de reportagem – recebeu no final do ano passado o Prêmio Ondas, o mais importante prêmio radial da Espanha, que homenageia rádios ibero-americanas. Em 54 anos de prêmio esta é a segunda vez que ele sai para uma rádio latino-americana.
Informações : Elaine – 99078877
Governo admite mais mudanças no Programa de Direitos Humanos
Por Leonardo Sakamoto
Estive ontem na reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) aqui em Brasília, que aliás completou 46 anos de existência. No encontro, o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, informou que mais pontos devem sofrer alterações no 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, divulgado em dezembro do ano passado e que recebeu um bombardeio de setores da sociedade insatisfeitos com propostas ali presentes.
Primeiro, já havia sido anunciada a mudança relativa à criação da comissão que pretende abrir a caixa preta dos crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura. Por pressão, é claro, do Ministério da Defesa e dos verde-oliva, que queriam que os dois lados pudessem ser alvo de escrutínio e não apenas o dos torturadores.
Depois, no dia 27 de janeiro, durante o Fórum Social Mundial em Porto Alegre, o ministro informou que haveria mudanças também na proposta relativa ao aborto. No programa, ele está relacionado ao direito (inalienável, justo, pleno) da mulher ao seu próprio corpo e não apenas à questão de saúde pública (hoje, mulheres pobres morrem ao fazer aborto com agulhas de tricô e caixas de Citotec, mulheres ricas usam clínicas de R$ 4 mil…), como já defendeu o governo federal.
Ontem, o ministro anunciou que também deve haver mudanças na proposta que trata da exigência de audiência com os envolvidos em uma ocupação de terras antes que reintegrações de posse sejam autorizadas pela Justiça.
Provavelmente, no curso das audiências a serem realizadas no Congresso Nacional outros pontos devem ser abordados e podem sofrer alteração. Vannuchi lembrou ontem sobre a pressão de setores da igreja pela mudança na proposta que retira símbolos religiosos de edifícios públicos. Mas minha fé é grande e acredito que, no final, o Lobby da Cruz não vai prevalecer sobre a tese do Estado laico. Até porque isso não depende de programa, é um movimento que já ocorre em todo o país, com promotores, procuradores, juízes, políticos do Piauí, São Paulo, Rio de Janeiro agindo para limar os espaços públicos de elementos que possam configurar respaldo a um grupo específico.
Os pontos que geraram a chiadeira dos representantes de veículos de comunicação, que reclamaram de uma suposta tentativa de censura àqueles que veicularem material contra os direitos humanos, não devem mudar. Bem como outros ditos polêmicos (é incrível como garantir direitos no Brasil ainda é uma polêmica…) e a maioria das mais de 500 propostas.
O ministro disse que o programa é um grupo de propostas e que está sujeito a falhas e passível de correções – além de ser um documento feito por milhares representando outros milhões, exatamente para ser discutido com toda a sociedade. Não vejo problemas em refinar o conteúdo, mas devemos manter o foco para não transformar um grupo de propostas (que já não são suficientemente ousadas pensando na carência de dignidade que reina por aqui) em um livreto de tanto-faz.
Uma amiga jornalista, de um grande veículo, reclamou que muitos dos colegas que eram críticos ao programa faziam a reclamação pelo lado errado. Pois o problema não é o que está lá e pode sair do papel e sim o fato de sabermos que muito do que está lá nunca sairá do papel. O que seria extremamente necessário, uma vez que nossa idiotice e selvageria não tem limites.
Fonte: Blog do Sakamoto
O PNDH-3 e o recuo de Vanucchi
A
A
A
Desapontador. Esta é a palavra que melhor sintetiza a palestra proferida pelo Ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, no auditório do Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
“Vannuchi recua em plano de direitos humanos: Pontos polêmicos, que tratam de legalização do aborto, símbolos religiosos, invasões e censura, serão retirados do programa”.
Na palestra, Vanucchi demonstrou claramente seus posicionamentos em relação a alguns ministros. “Não tenho nada em comum com o Reinold Stephanes[Desenvolvimento Agrário] ou com o Jobim [Defesa],por exemplo. Mas estamos em um governo de coalizão”, disse.
O ministro chegou a responder – e a se alterar – com um estudante de matemática. O rapaz subiu ao palco, “acusou-o” de comunista-terrorista baseado em um livro do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o qual carregava embaixo do braço. Ustra foi um dos grandes torturadores do DOI-CODI em São Paulo e chegou a torturar Vanucchi pessoalmente.
“É um nó”
Fui o último a perguntar. Me referindo à fala sobre “a responsabilidade é dos movimentos sociais”, perguntei ao ministro (não são as palavras exatas)
– Existe uma grande ansiedade dos movimentos sociais em ver o PNDH-3 funcionando. O governo Lula conta com o apoio das principais lideranças dos movimentos sociais dos últimos 15, 20 anos, ao mesmo tempo em que tem 80% de aprovação. Isso não é suficiente para chegar aos militares, aos setores conservadores da igreja e dizer “nós vamos aprovar esse projeto”? Se isso não é suficiente, como é que se faz?
O Ministro respondeu que a questão era “um nó” e que nós não podiamos nos esquecer das milhões de pessoas que deixaram de passar fome, e por aí afora. Ao que me parecia, ele não havia respondido a minha pergunta.
Entretanto, a matéria publicada na edição de hoje do estadão e disponível aqui em PDF, não deixa de ser uma resposta – uma das piores possíveis, diga-se de passagem.
Quem perde nessa história não são os movimentos feministas pró-aborto, nem o MST, nem os movimentos de democratização das comunicações: quem perde é o Brasil, que mais uma vez, vê um governo dito “popular” recuar em questões centrais e em bandeiras históricas do povo organizado.