Arquivo mensal: maio 2009

Memória da Resistência

Fui convidado para fazer um pequeno debate sobre o filme Saída de Emergência no mês de junho, em Florianópolis. O documentário, de miha autoria, será apresentado no evento “5 anos da Revolta da Catraca – Construindo a Memória da Resistência“, promovido pelo Movimento Passe Livre da capital.

O evento começa no dia 26 de junho, sexta-feira, e segue até a noite de sábado. Minha fala será na tarde de sábado. Veja a programação completa aqui.

O quebra-cabeças da tarifa

O tema transporte coletivo sempre me fascinou pela sua complexidade e pelo seu papel vital dentro das cidades. Estudei o tema nos últimos quatro anos, o que resultou, entre outras coisas, no documentário Saída de Emergência (2007) (parte 1 e parte 2), onde defendo abertamente a saída da iniciativa privada do sistema de transporte coletivo.

Em Joinville, após 20 meses sem aumento na tarifa, o prefeito Carlito Merss (PT) concedeu 12,2% de reajuste, elevando o preço de R$ 2,05 para R$ 2,30 (antecipada) e de R$ 2,50 para R$ 2,70 (embarcada).

Alguns fatos precisam ser ditos sobre esse aumento.

1. Apesar de ter colocado a planilha de custos na internet, a pretensa atitude de transparência nada ajudou a população joinvilense. As pessoas continuam sem saber onde o dinheiro entra, onde sai, quantos centavos por passagem representam o lucro das empresas, se o modelo matemático utilizado é justo, e por aí afora.

2. Mesmo com a atitude transparente – que inclui até um blog para debater o aumento – o índice de 12,2% foi uma verdadeira porrada na cabeça dos usuários. Esperava-se do PT um não aumento, ou, na pior das hipóteses, um aumento na casa dos 6%.

3. Mesmo que as empresas Gidion e Transtusa digam que o reajuste não foi atendido completamente (12,2 ao invés de 17%), vale lembrar que, no final do ano passado, as empresas pediram esse reajuste. Só depois que Carlito assumiu é que elas aumentaram o pedido.

4. A estratégia de pedir um aumento absurdo e conceder outro menor é utilizada a muitos anos em Joinville, e nesse quesito, PT, PMDB ou PSDB seguiram a mesma linha.

5. Os movimentos sociais que compõe a Frente do Transporte já sabiam que o aumento viria em maio. Carlito chegou a comentar que, se desse o aumento, seria em maio, por conta do aumento salarial dos motoristas de ônibus. O índice seria a inflação do período calculada pelo IPCA, que foi o que ocorreu agora.

6. A saída de Kennedy Nunes (PP) parece mais do que ensaiada. Ele afirmou com veemência que sairia do governo, atacou Carlito de frente. Kennedy age, nesse momento de crise na administração petista, para ter ganhos políticos com o aumento da tarifa. Apesar disso, parece que outros membros do PP vão prosseguir na adminstração petista.

7. Muita gente no PT agora vai abandonar as manifestações populares contra o aumento. Ao mesmo tempo, há cisões dentro do PT e da base, como o grupo de Adilson Mariano (PT). James Schroeder também sinaliza que vai participar das manifestações, segundo militantes da Juventude Socialista do PDT.

8. Ao contrário do que foi afirmado na capa de A Notícia de hoje, este não é o fim da novela. É só o começo.

Protógenes Queiroz vem à Santa Catarina [assessoria]

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz estará em Santa Catarina no final de maio, proferindo a palestra “Estado Brasileiro e a relação do público-privado”, para estudantes universitários. No dia 25, o delegado falará aos estudantes de Jornalismo da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc (Joinville). Já no dia 26, Protógenes estará na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Protagonista do desmonte de diversas operações criminosas, Protógenes tem sido perseguido e acusado de atividades ilíticas, nenhuma delas provada até agora. Na oportunidade, o delegado poderá esclarecer muito sobre a sua atuação e sobre a operação Satiagraha, corrupção no Brasil, entre outros temas.

Com uma carreira de destaque, Protógenes ganhou as páginas dos jornais após prender por duas vezes o banqueiro Daniel Dantas, na chamada Operação Satiagraha. Dantas é condenado por tentativa de suborno e é acusado de um sem-número de crimes financeiros.

Quem é Protógenes Queiroz

Protógenes Pinheiro Queiroz, 49 anos, é baiano de Salvador (20 de maio de 1959), advogado e delegado da Polícia Federal desde 1998. Se formou em Direito pela Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas. Na universidade chegou a atuar na União Nacional dos Estudantes (UNE). Já formado, morando no Rio de Janeiro, prestava assessoria jurídica para a Via Campesina, Sindicato dos Operários Navais, associações de moradores, movimentos sociais e agremiações políticas, como o PT e o PDT, sem nunca se filiar a nenhum partido.

Como delegado, trabalhou em vários estados brasileiros, comandando e atuando operações contra o crime organizado e os chamados “crimes de colarinho branco”.

Em setembro de 2005, foi o responsável pela prisão do ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, Paulo Salim Maluf (PP), suspeito dos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Queiroz também presidiu o inquérito sobre remessas ilegais de dinheiro para paraísos fiscais, que desvendaram movimentações de cerca de cinco milhões de dólares, das quais o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, seria o principal beneficiário. O ex-prefeito Paulo Maluf (PP) foi investigado no mesmo inquérito.

Queiroz é autor do relatório que terminou o inquérito sobre desvio de dinheiro da Prefeitura de São Paulo, concluindo que “os cofres públicos foram pilhados” durante os governos Maluf (1993-96) e Pitta (1997-2000).

Estiveram sob sua coordenação, em parceria com a Promotoria de São Paulo as investigações do caso Corinthians/MSI , por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Os envolvidos nas fraudes da arbitragem do futebol Brasileiro, em 2005, conhecida como “A máfia do apito” foram investigados por ele e pelos promotores Roberto Porto e José Reinaldo Guimarães Carneiro, do Gaeco.

O maior contrabandista do Brasil, o empresário chinês Law Kin Chong, também foi preso em uma operação comandada por Protógenes em novembro de 2007. Kin Chong estava disposto a pagar 1,5 milhão de dólares ao presidente da CPI, deputado Luiz Antônio Medeiros (PL-SP) para obter favores, mas suas conversas foram registradas de forma legal, o que permitiu o desmonte do esquema.

A Operação Satiagraha

Protógenes Queiroz comandou a Operação Satiagraha, desde seu início até o dia 14 de julho de 2008, quando se afastou voluntariamente, por motivos pessoais, a conselho da cúpula da Polícia Federal. Curiosamente Protógenes teria comentado com aliados que esse afastamento desmerece seu trabalho, e causa um prejuízo muito grande à investigação.

Desde então, o delegado tem sido alvo de ataques, tanto de deputados próximos à Daniel Dantas como de setores da imprensa comercial. Vale ressaltar aqui que o presidente da CPI dos Grampos, Marcelo Itagiba, foi financiado por empresas ligadas a Dantas.

Hoje, Protógenes é acusado de promover escutas ilegais para conseguir provas contra seus investigados. Também é acusado de ter a colaboração ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no caso. O único julgamento sobre essa colaboração, realizado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª região, considerou a colaboração entre Abin e PF legal.

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